Jorge Amado (1912-2001) é um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos.
Nasceu no interior da Baia, em 1912. No ano seguinte ao seu nascimento, uma epidemia de varíola obriga a família a deixar a fazenda e estabelecer-se em Ilhéus, onde viveu a maior parte da infância que lhe serviu de inspiração para vários romances.
Foi jornalista, e envolveu-se com a política ideológica, tornando-se comunista, como muitos de sua geração. Os problemas e injustiças sociais, folclore, a política, crenças e tradições, e a sensualidade do povo brasileiro são temas constantes nas suas obras.
As suas obras são umas das mais expressivas da moderna ficção brasileira. Com 49 livros, propondo uma literatura voltada para as raízes nacionais. Em 1945, foi eleito para Deputado Federal pelo PCB (Partido Comunista Brasileiro), o que lhe rendeu fortes pressões políticas.
Foi casado com Zélia Gattai, também escritora e que o sucedeu na Academia Brasileira de Letras. Com ela teve dois filhos: João Jorge, sociólogo; e Paloma. Viveu exilado na Argentina e no Uruguai entre 1941 a 1942, em Paris entre 1948 a 1950 e em Praga entre 1951 a 1952.
Escritor profissional, viveu exclusivamente dos direitos autorais de seus livros. Na década de 1990, porém, viveu uma forte tensão e expectativa de um grande desastre nas economias pessoais, com a falência do Banco Económico, onde tinha as suas economias mas não as chegou a perder, já que o banco acabou socorrido pelo Proer (Banco Central do Brasil). Amado só foi superado, em número de vendas, apenas pelo fenómeno Paulo Coelho, mas no seu estilo, o romance ficcional. Em 1994, viu a sua obra ser reconhecida com o Prémio Camões, o Nobel da língua portuguesa. A obra literária de Jorge Amado conheceu inúmeras adaptações para o cinema, teatro e televisão, além de ter sido tema nas escolas de samba por todo o Brasil. Os seus livros foram traduzidos em 55 países, em 49 idiomas, existindo também exemplares em Braille e em fitas gravadas para cegos. Era adepto do candomblé, religião na qual exercia o posto de honra de Obá de Xangô (Título honorífico do Candomblé criado no Axé Opó Afonjá por Mãe Aninha em 1936, esses títulos honoríficos de doze Obás de Xangô, reis ou ministros da região de Oyo, concedidos aos amigos e protectores do Terreiro).
Como Érico Veríssimo e Rachel de Queiroz, foi representante do modernismo regionalista (segunda geração do modernismo).
Recebeu no estrangeiro os seguintes prémios: Prémio Internacional Lênin (Moscovo, 1951); Prémio de Latinidade (Paris, 1971); Prémio do Instituto Ítalo-Latino-Americano (Roma, 1976); Prémio Risit d'Aur (Udine, Itália, 1984); Prémio Moinho, Itália (1984); Prémio Dimitrof de Literatura (Bulgária, 1986); Prémio Pablo Neruda, Associação de Escritores Soviéticos (Moscovo, 1989); Prémio Mundial Cino Del Duca da Fundação Simone e Cino Del Duca (1990); e Prémio Camões (1995). No Brasil: Prémio Nacional de Romance do Instituto Nacional do Livro (1959); Prémio Graça Aranha (1959); Prémio Paula Brito (1959); Prémio Jabuti (1959 e 1970); Prémio Luísa Cláudio de Sousa, do Pen Club do Brasil (1959); Prémio Cármen Dolores Barbosa (1959); Troféu Intelectual do Ano (1970); Prémio Fernando Chinaglia, Rio de Janeiro (1982); Prémio Nestlé de Literatura, São Paulo (1982); Prémio Brasília de Literatura — Conjunto de Obras (1982); Prémio Moinho Santista de Literatura (1984); Prémio BNB de Literatura (1985).
Jorge Amado ainda é o autor brasileiro mais publicado em todo o mundo: a sua obra foi editada em 52 países, e vertidos para 48 idiomas e dialectos, a saber: albanês, alemão, árabe, arménio, azerbaijano, búlgaro, catalão, chinês, coreano, croata, dinamarquês, eslovaco, esloveno, espanhol, esperanto, estoniano, finlandês, francês, galego, georgiano, grego, guarani, hebreu, holandês, húngaro, iídiche, inglês, islandês, italiano, japonês, letão, lituano, macedônio, Moldávio, ongol, norueguês, persa, polonês, romeno, russo (também três em Braille), sérvio, sueco, tailandês, tcheco, turco, turcomano, ucraniano e vietnamita.
Recebeu títulos de Comendador e de Grande Oficial, nas ordens da Argentina, Chile, Espanha, França, Portugal e Venezuela. O título de Doutor pela Sorbonne, na França, foi o último que recebeu pessoalmente, em 1998, na sua derradeira viagem a Paris, quando já estava doente. Amado teve livros adaptados para o cinema, teatro, rádio, televisão, bem como para histórias em banda-desenhada, não só no Brasil, mas também em Portugal, França, Argentina, Suécia, Alemanha, Polónia, Checoslováquia, Itália e nos Estados Unidos. Jorge foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 6 de Abril de 1961, ocupando a Cadeira 23, cujo favorecedor é José de Alencar. Na sua experiência académica, bem como para retratar os casos dos Imortais da ABL, escreveu "Farda, fardão, camisola de dormir", num remoque claro ao formalismo da entidade e à senilidade de seus membros. Algumas das obras do autor foram: O país do carnaval (1931), Cacau (1933), Suor (1934), Jubiabá (1935), Mar morto (1936), Capitães da areia (1937), ABC de Castro Alves (1941), Terras do sem fim (1943), São Jorge dos Ilhéus (1944), Baia de Todos os Santos, guia (1945), Seara vermelha (1946), O amor do soldado (1947), O mundo da paz (1951), Os subterrâneos da liberdade (1954), Gabriela, Cravo e Canela (1958), A morte e a morte de Quincas Berro d'Água (1961), Os pastores da noite (1964), Dona Flor e seus dois maridos (1966), Tenda dos milagres (1969) e Tocaia grande (1984).
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